Hallsttat

Hallsttat

Bem vindo! Welcome! Bien Venido! Ça va bien!

Mapa na mão, mochila nas costas, máquinas a postos! Viajar é um dos bons prazeres da vida. Descobrir lugares, gente, culturas. Pode ser um feriado no Capão, um final de semana em PF ou aquelas férias tão sonhadas para a Europa. O que vale é deixar para trás a rotina e por alguns dias mergulhar em experiências que guardaremos para sempre.

Eu simplesmente AMO VIAJAR! Meus amigos pegam no meu pé porque sou daquelas que planejo cada detalhe, que pesquiso, estudo roteiros, e começo a viajar muito antes da data de partida. E como não podia deixar de ser, registro todos os momentos para lembrar e relembrar com os companheiros de estrada e também para compartilhar com aqueles que não estavam lá.

E foi por isso que eu resolvi criar esse blog. Para reviver bons momentos, deixar o pensamento viajar cada vez que passar por aqui e quem sabe me inspirar para as próximas aventuras.

Bon voyage!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Salzkammergut, a impressionante beleza da região dos lagos

Inicialmente, nosso roteiro na Áustria contemplava apenas Viena e Salzburgo. A ideia era fazer o percurso entre as duas cidades de trem. Mas um dia, navegando pela Internet, descobri um post no blog "papo de viajante" que me deixou ensandecida. O texto descrevia uma viagem de 3 dias pela região dos lagos conhecida como Salzkammergut, que fica exatamente entre Viena e Salzburgo. As fotos e comentários do autor remetiam a um lugar paradisíaco, repleto de paisagens de tirar o fôlego. Não pensamos duas vezes em repensar nosso roteiro, alugar um carro e incluir essa incrível aventura em nossas andanças pela Áustria.

E foi com um misto de ansiedade e curiosidade que partimos de Viena no dia 27 de outubro, uma manhã de domingo e aniversário de Zeca, que seria comemorado em grande estilo. A região de Salzkammergut é formada por muitos lagos encrustados no meio dos Alpes. Os principais são Attersee, Wolfgansee e Mondsee. Nosso roteiro seria assim:


A viagem de carro de Viena até o início desse roteiro mágico leva apenas 2 horas e meia. São 260 km de uma rodovia perfeita. Passamos em frente à famosa Abadia de Melk, mas seguimos viagem. Se tiver um tempinho, vale a pena parar para uma visita.

Chegamos a Attersee por volta das 14h. O lago Attersee é um imenso bloco de água doce com 20 quilômetros de extensão. É o único lago da região que não congela no inverno. Suas águas excepcionalmente claras são ideias para mergulho autônomo.


Em Linkberg, nossa primeira parada, ficamos encantados com as casinhas, piers e flutuantes na beira do lago. As árvores coloridas pelo outono, tendo o lago e as montanhas como paisagem, nos davam o sinal do que encontraríamos pela frente.






Andamos pelo local, explorando as ruazinhas entre as casas que beiram o lago.






Emoção e contemplação é o que descreve essa etapa do nosso roteiro. Uma parada na civilização para entregar nossos cinco sentidos à imensidão da natureza que foi tão generosa nesse lugar.




Mais a frente, atravessamos a ponte em um lugarejo chamado Kammer, onde o lago encontra o rio que batizou a cidade. Do outro lado, um grupo de crianças se divertira alimentando cisnes e patos.



Até eu conquistei um novo amigo!


Logo depois da ponte, paramos em uma espécie de lanchonete onde fizemos um lanche delicioso com salsichas vienenses e uma cerveja deliciosa.


Reabastecidos,  partimos para contornar o lago Attersee. A estrada fica espremida entre as montanhas e a água, num visual deslumbrante, que vai mudando a cada ângulo da rota.


 Esse era nosso possante!


 Como estávamos no outono, eram apenas 16:30 e o sol já tinha começado a se esconder por trás dos Alpes, mas essa luz de fim de tarde deixou o cenário ainda mais surreal.



Nossa sensação era estar dentro de um quadro impressionista o tempo todo.




Assistimos as luzes dessa cidadezinha se acenderem. Inesquecível!


Nesse primeiro dia na região, pernoitamos na cidade de Strobl, onde chegamos por volta das 17:30, mas já com tudo escuro. Nosso hotel alpino ficava na beira da estrada, mas era bem simpático, todo em madeira, com decoração tipicamente austríaca.




Jantamos no restaurante do hotel, especializado em caça, onde fizemos uma excelente refeição. Ganso para Zeca e truta para mim, coroados por um estupendo apfelstrudel.






Fechamos nossa noite e as comemorações do aniversariante com chave de ouro.



Hallstatt, um paraíso escondido no meio do mundo

Acordamos cedo, tomamos café e partimos para conhecer Hallstatt. Eu estava super ansiosa porque desde que comecei a pesquisar sobre a Áustria, encontrei tantas fotos deslumbrantes e tantos comentários dizendo que esse lugar era o ponto alto de Salzkammergut... Será que seria isso tudo mesmo? No caminho, passamos por dentro da cidade de Bad Ischl, a maior da região, mas a visita ficaria para o final do dia.

Pelo que lemos, se você estiver em Salzburgo levará umas 3 horas para chegar a Halstatt, pegando trem, ônibus e barco. De carro e já na região dos lagos, levamos apenas 30 minutos. A estrada, linda, já revelava o que nos esperava. A cada curva, a ansiedade aumentava mais. Atravessamos um túnel que corta a montanha, e enfim, lá estávamos. Estacionamos em um dos parkings, já que a cidade é tombada pela Unesco e não é permitida a circulação de automóveis no centro histórico. De uma forma ou de outra, VENHA! Nunca conheci nada parecido na vida. As fotos falarão mais que mil palavras, mas vale uma breve descrição da nossa experiência.

Dica: a cidade tem apenas 3 parkings, cujo pagamento é feito no final da visita em um totem eletrônico. Ouvi dizer que na alta temporada corre-se o risco de não ter vaga, e aí não sei qual é a solução... Então a recomendação é tentar chegar cedo para garantir o lugar.



A pequena Hallstatt é na verdade uma aldeia e tem apenas 946 habitantes. Às margens do lago Hallstätter See, a vila é feita de casinhas alpinas de madeira, uma colada na outra, e muitas debruçadas sobre o lago.




Ao fundo, os Alpes se erguem majestosos, formando um cenário de conto de fadas. Fomos brindados com um lindo dia de sol e a luz que entrava pelas frestas das montanhas deixava tudo ainda mais incrível.


 As ruelas são repletas de lojinhas, restaurantes, cafés convidativos.

 


Adoramos esses chapéus, mas a vendedora cometeu a "delicadeza" de nos informar que os acessórios eram para venda, e não para fotos. Só pela mal criação, desistimos de comprar...


Mas a beleza de Hallstatt é tanta, que nada tiraria nosso humor. A cada passo, uma vista mais espetacular que a outra.




Perambulamos pelas ruas até chegar na praça central da vila, que tem alguns restaurantes e cafés bem legais - foi aqui que almoçamos, mas isso seria mais tarde...



 Seguimos para visitar a igreja, que fica no alto, e onde se chega subindo uma escadinha de pedras no meio das casas. 





Lá em cima, encontram-se o cemitério (até o cemitério tem uma vista deslumbrante) e uma atração bem curiosa de Hallstatt, o Ossuário conhecido como Beinhaus (literalmente casa de ossos).


O Ossuário de Hallstatt foi construído no século XII para abrigar os crânios dos mortos enterrados no cemitério - como o local era pequeno para atender à comunidade local, criou-se a tradição de 10 anos depois da morte retirar as ossadas das covas, higienizar os crânios e pintá-los com flores, folhas e serpentes, além do nome e data de morte do falecido, como uma homenagem post-mortem. A pintura era feita pelos próprios coveiros, e depois as "obras de arte" eram expostas na pequena capela construída no local, organizadas por família. Hoje, o Ossuário abriga 1.200 caveiras, sendo que a última foi adicionada à coleção em 1995.

Parece mórbido, mas na verdade achamos uma homenagem bem legal aos antepassados.


Após a curiosa visita ao Ossuário, paramos na pracinha para reabastecer as energias. Escolhemos para almoçar o simpático café Derbl, onde comemos massas deliciosas e experimentamos a saborosa Cerveja Hallstatt.


Depois do almoço, continuamos nosso passeio, incansáveis de contemplar tanta beleza. Olha só que paz essa foto. Dá vontade de largar tudo e ficar por aqui...


 E essa foto que tirei de Zeca??? Fala sério!


Mas o ponto alto (literalmente) do passeio ainda estava por vir. Subimos o teleférico para conferir a vista indescritível do mirante. Esse bondinho também dá acesso a mina de sal que é uma das principais atrações de Hallstatt, aberta à visitação. Considerada a mais antiga mina do mundo, ela foi descoberta no início da Era do Ferro (800 – 400 a.C.). O sal já foi uma das maiores riquezas da Áustria (aliás é do sal que deriva a palavra Salzkammergut) - no primeiro milênio antes de Cristo, os povoados da região prosperaram graças à mineração de ferro e à produção do sal.


Mas decidimos abrir mão dessa programação, que achamos um pouco turística de mais para nosso gosto, e gastar o restinho de tempo que tínhamos para curtir o visual.


Lá em cima da montanha, tem esse mirante modernoso. Segure o fôlego!



Parece que estamos no topo do mundo...




E vila de Hallstatt parece tão pequeninha lá embaixo...


Sentamos em um banquinho e deixamos nossas mentes viajarem diante da grandiosidade da natureza em nossa frente...



Extasiados, nos despedimos de Hallstatt, com a certeza de ser um dos lugares mais estonteantes que conheceremos em toda nossa existência. Pegamos nosso possante e tocamos para Bad Ischl, onde chegamos no finalzinho da tarde. A cidade é uma graça e uma das maiores da região, com muitas opções de hospedagem, restaurantes e cafés.



  Encontramos esses lindos leões espalhados pela cidade.



E falando em cafés, fizemos um pit stop nessa linda e luxuosa cafeteria, onde comemos algumas das deliciosas tortas vienenses, acompanhadas pelo divino café da Áustria. Na mesa ao lado, umas senhoras super chiques tomavam espumante e comiam torta de frutas vermelhas. Um luxo só!




Dia chegando ao fim, pegamos a estrada para Sankt Gilgen, onde pernoitaríamos. Nas margens do lagoWolfgansee, essa é uma das cidadezinhas mais charmosas da região dos lagos. Mas o lugar é um balneário - acho que a galera curte altos mergulhos nas águas cristalinas do lago no verão. E a essa altura do outono, mais parecia uma cidade fantasma...

Gostamos muito do nosso hotel, em estilo alpino, todo de madeira, bem romântico.


Com fome, fomos em busca de um lugar para jantar. Eram apenas 19h e já estava tudo absolutamente fechado. Andamos pelas ruas desertas até encontrar o restaurante de um hotel aberto e até com gente lá dentro!!! Um grupo de senhores jogando poquer e mais uns 2 casais desavisados como nós... Mas a comida era boa e tomamos um vinho chamado Romanello que Zeca adorou. E fomos dormir com as galinhas...





O dia seguinte amanheceu chuvoso. Pegamos emprestados uns guarda-chuvas no hotel e saímos para fazer o reconhecimento da cidade, que continuava fantasma. Juro. Só tinha a gente e mais um casal andando pela rua. Mas o lugar realmente é uma graça.



Achei lindas as casinhas decoradas com flores.



Os guarda-chuvas coloridos deram um charme especial para nossas fotos!





Esse é o lago Wolfgansee. Olha a cor da água que espetáculo!

 Em St. Gilgen tem um famoso teleférico que te leva a 1.800 metros acima do nível do lago, com uma vista panorâmica da região, mas com a chuva e a neblina não daria para ver nada lá de cima, então encerramos nossa visita à cidade e pegamos mais uma vez a estrada. Era chegada a hora de conhecer Salzburgo.

Mas antes de chegar à cidade natal de Mozart, ainda faríamos visitaríamos duas cidades de Salzkammergut - Unterach e Mondsee.

Unterach não chega a ser uma cidade, está mais para uma marina de luxo, que Zeca apelidou de cidade dos barcos fantasma. Fica na pontinha do lago Attersee - sim, o mesmo do início do passeio. Na verdade, é tudo muito perto, e você pode fazer esse roteiro de várias formas diferentes.





Estava um frio de doer e não vimos um ser humano no lugar. Para não dizer que não tinha uma alma viva, nos divertimos com esses simpáticos patos, que nadavam totalmente despreocupados com a temperatura da água que devia estar uns... 2 graus!!!


 Mas não preciso dizer que o lago é lindo de morrer - acho que já estou ficando repetitiva!


Olha que delícia esse balanço!


Ticamos Unterach e seguimos para Mondsee, nas margens do lago de mesmo nome. A cidade era um pouco maior e portanto um pouco mais movimentada - uns 8 turistas andando pelas ruas, somando com a gente 10. Ok, está bom para o saldo do dia. Ah, confesso que a essa altura já estava ansiosa para chegar em Salzburgo, mas vamos dar um crédito a Mondsee. Com suas casinhas coloridas, a cidade é bem bonitinha...



Tivemos alguma dificuldada em encontrar um lugar para almoçar. Afinal, era hora do almoço e todos pareciam estar almoçando, portanto, estava tudo fechado. Encontramos esse simpático café, que servia algumas opções de refeição. Comemos umas salsichas, tomamos vinho e cerveja austríaca e arrematamos com uma deliciosa torta de frutas vermelhas. Estava tudo bem bom!


Depois da lauta refeição, por desígnios divinos encontramos um jardim fechado com essa chaise de balanço. Não resistimos a uma breve relaxada!!!



Veja se consegue me encontrar nessa foto!


Com a energia revigorada após esses 3 dias maravilhosos, repletos de paisagens deslumbrantes e muita paz de espírito, era chegada a hora de retornar à civilização e conhecer a linda Salzburgo. Felizes e realizados por nossa escolha, nos despedimos da maravilhosa região de Salzkammergut e tocamos para a terra de Mozart.